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A mostrar mensagens de dezembro, 2006

Pão por Deus

Este hábito de pedir “pão por Deus” no dia de to d os os Santos era feito pelas portas e vem desde há muitos anos. Era feito por pessoas pobres com o fim de angariar milho, batatas ou castanhas que eram as esmolas mais usuais , já preparadas par a esse fim. Mais tarde passou a ser feito por crianças, já não por necessidade, mas pelo prazer do convívio.   As crianças juntavam-se e iam com as suas saquinhas cantar fora das portas: Uma coisinha de pã o por Deus Minha senhora , por alma dos seus Neste dia os adultos passaram a visitar-se. Não havia casa que não tivesse para oferecer aos visitantes, castanhas e vários petiscos acompanhados por licores, melopeias, anis, aguardente e vinho. Ainda hoje este costume se mantém mas em vez de castanhas enchem as saquinhas das crianças com dinheiro e guloseimas. “Outros tempos outras modas”

O Casamento

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Os casamentos também se podem considerar como uma festa. Eram feitos a pé e as pessoas estavam em casa a vigiar quando o cortejo passava para ver a noiva e desejar-lhe boa sorte e para atirarem arroz no regresso da igreja. Depois do cortejo seguia-se o jantar em casa da noiva. Entre os convidados havia sempre jovens que alegravam o jantar cantando várias canções. À noite então é que era a grande festa porque as pessoas organizavam-se em grupos para irem “bater latas” ao lugar onde os noivos iam passar a lua-de-mel. Cada pessoa levava uma oferta que constava de coisas muito simples desde o molho de lenha aos fósforos, sal, vinagre, bolo do Pico, vinho, aguardente, peixe seco, batatas, etc. por vezes bailavam a chamarrita até de madrugada. Quando havia cantador que soubesse improvisar cantigas felicitavam-se os noivos com cantigas próprias. O “bater latas” está a acabar. Os noivos costumam ir passar a lua-de-mel para lugares distantes.

Lenda do Pico

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“Os primeiros descobridores da Terceira e S. Jorge, que já d’antes eram descobertas, botaram na ilha do Fayal algum gado, e que um ermitão de boa vida, por a fazer mais solitária, se foi para a ilha do Fayal de morada; iam no verão alguns a vêr as fazendas que lá tinham tomado, e seu gado, e visitavam o dito ermitão, e achando que ele tinha preparado uma embarcação a seu modo, e perguntando-lhe para que era aquela embarcação, respondeu que da parte da vizinha ilha do Pico lhe aparecia uma mulher vestida de branco, que o chamava de lá, que se fosse para ella, e que por lhe parecer que era Virgem Senhora, fazia aquelle barquinho de coiro por fóra, e determinava passar por lá, quando a Senhora outra vez o chamasse. Os que o ouviram o tiravam d’isso e contudo o ermitão ficou acabando o seu barquinho, e se metteu n’elle ao mar e nunca mais foi visto e achado; e assim o demónio com a capa de santidade fez morrer aquelle santo ermitão, sem delle nem do barquinho se saber mais.” “Quand...

A Viúva

A mulher viúva vestia-se de luto até à morte. Toda vestida de preto punha um xaile de ponta que quase a cobria e nos trabalhos de campo usava um chapéu de palha por cima de um lenço preto. Raramente voltava a casar pois isso revelava falta de amor ao marido. A mulher era a mártir do amor. Não acontecia o mesmo ao viúvo que mal enviuvava logo curava a sua dor encontrando outro amor. Por isso há um ditado que diz: “a dor de marido é como a dor de cotovelo“ dá forte mas dura pouco tempo.”

A Mulher de Santa Luzia

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«Passa o ano na Horta, de Inverno e de Verão; de meias de lã até ao joelho, «albarcas», saia e lenço; anda sobre as águas de cá para lá, a ir buscar fruta e ver a família, e de lá para cá, a acartar cestos e cestos de fruta. Chega a trazer à sua conta quatro, cinco e mais cestos, grandes e pequenos. E carrega-se à cabeça ao braço e à cintura, com barris, garrafas de aguardente e todo o género de fruta, desde a silvestre – a amora, o tomate de capucho, a camarinha, o morango, à melhor fruta dos pomares das ilhas – o figo, a laranja, a maçã, o limão. Nem lhe escapa molhinho de macela, de salva, as pinhas de pinheiro, o molhinho de lenha. Tudo ela busca em volta de casa, nas vinhas ou no mistério para fazer negócio. E o dinheiro amarrado na ponta do lenço é contado, escudo por escudo, e guardado na saquita amarrada ao pulso ou na patrona, ao cós da saia. Ao chegar ao 20$00 em papel, não se troca. Guarda-se em pé de meia, no arquibanco ou no canto da caixa. É para o milho. E se apare...

Freguesia de Santa Luzia

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Terra pobre, a mais pobre entre todas as freguesias do Pico mas rica no sentir do seu povo. Povo alegre e sóbrio em todos os aspectos do seu viver. Foi de entre as pedras que os santaluzienses souberam aproveitar o escasso pó que havia entre elas. Tiravam aos punhados essa produtiva e quase milagrosa terra, que acarretavam para os minúsculos vales à medida que iam acarretando as pedras para montões fazendo os «maroiços» colocados à volta dessas pequenas hortas para lhes fazer abrigo contra a ventania que sopra na estação invernosa. Então este povo quando conseguia fazer a terra suficiente que lhe garantisse o cultivo do milho para gastar durante o ano considerava-se feliz e rico com as dificuldades económicas ultrapassadas. Aqueles que não conseguiam obter o milho das suas terras «restevas» partiam barril à cabeça com a aguardente ou vinho que ganhavam durante o Verão, na apanha dos figos e uva, trocar para o sul da ilha ou para o Faial pondo em casa o pão para o ano. Consider...

Santa Luzia

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Santa Luzia fica situada entre a montanha e o Oceano Atlântico, distanciada 1,5 km do mar. Estende-se na base da montanha sendo o único lugar do Pico esta, nos dá a impressão de que está em verdadeira simetria. Esta freguesia é de origem vulcânica, tendo por isso o solo rochoso onde abundam as pedras de basalto. Tem um solo paupérrimo com uma agricultura difícil, tendo apenas pequenas áreas (hortas) para o cultivo de cereais e produtos hortícolas. Em quase todo o seu terreno apenas se dão árvores de fruto, principalmente a figueira e a videira. Nestas condições de solo o povo redobrou o esforço, habituando-se a uma vida de sacrifício e de luta para poder arrancar do solo o necessário para o seu sustento.